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Obesidade em cães
Obesidade em cães

Obesidade é um assunto muito importante hoje em dia em medicina veterinária. Na verdade não somente na veterinária, mas a obesidade vem crescendo também na população humana. O último estudo em cães nos EUA envolveu uma população de quase 22 mil cães, de vários estados em diversos hospitais veterinários, e estima-se que 29% desses cães estavam acima do peso, enquanto 5.1% eram obesos. O que preocupa é que, estando acima do peso ou obeso, já era o suficiente para exacerbar doenças ortopédicas, causar resistência à insulina e, pior de tudo, diminuir a expectativa de vida.

Por esse motivo é importante trabalhar a ideia da obesidade em animais que estão acima do peso, não necessariamente obesos, e para isso a melhor maneira é utilizar o índice de escore corporal, que avalia a presença de tecido adiposo com relação ao peso ideal. Esse mesmo índice pode ser usado em animais obesos para checar o progresso da perda de peso. A tabela do índice corporal pode ser encontrada facilmente na internet e utilizada facilmente por proprietários de cães com a ajuda de um veterinário.

Sem dúvida, a pergunta mais comum de donos de cães é: “quanto devo dar de comida?”

O consumo ideal de comida deveria, na verdade, ser calculado para cada indivíduo, incluindo todas as fontes de calorias, “comida da mesa – restos de comida” e biscoitos para cães. Se esse valor pode ser determinado, o programa de perda de peso consiste em oferecer 80% da energia requerida diária. Caso esse valor não possa ser determinado (maioria dos casos) devido à maneira em que o proprietário alimenta seu cão, o recomendável é utilizar a fórmula de energia requerida em repouso (RER, do inglês resting energy requirement):

 RER = (30 x peso em Kg) + 70

Uma vez respondida essa pergunta, vem a segunda pergunta mais comum: “o que devo dar de comer?”.

Para um programa de perda de peso é recomendável usar dietas terapêuticas veterinárias (prescritas pelo seu veterinário). Essas dietas possuem calorias “diluídas” em um volume de fibras. Mas, independente, da fórmula utilizada, dietas para perda de peso devem conter pelo menos 90% de calorias necessárias diariamente. Um dos motivos principais de se usar dietas terapêuticas é a certeza de não estar restringindo outros nutrientes essenciais para uma alimentação saudável e bem balanceada.

Muitos donos de cães, hoje em dia, estão mais conscientes que devem começar um programa de dieta para seus cães obesos, mas poucos conseguem passar pela fase de manutenção da dieta. As dietas terapêuticas não servem como dietas fixas para a vida do animal, elas servem apenas para que eles possam perder peso e voltar ao peso ideal. O trabalho principal vem na manutenção do peso e deve ser feito com auxílio de um profissional. O objetivo é perder 1 a 2% de peso por semana. Por exemplo, um cão com escore corporal de 7/9 está, pelo menos, 20-30% acima do peso. Se o plano for perder 1% de peso por semana, isso pode levar de 20-30 semanas, por isso os donos desistem no meio do tratamento.

Essa mesma situação pode piorar caso o dono aumente a restrição de comida para acelerar a perda de peso. É importante estar atento às percentagens de perda de peso e controlar a mesma, perder peso muito rápido devido a alta restrição pode causar mudanças comportamentais nos cães, como implorar por comida ou roubar comida da mesa ou do lixo. O inverso também pode acontecer: o cão pode perder muito pouco peso ou até ganhar peso.

Obesidade não controlada diminui a expectativa de vida do seu cão e aumenta os riscos de desenvolver diabetes, pancreatite, problemas respiratórios e ortopédicos. Consulte seu veterinário para maiores informações.

 

* Este Texto faz Parte da Coletânea do Dr. Luiz Bolfer e todos os textos das páginas da PetLine foram publicados em Colunas, Saúde Animal por Dr. Luiz Bolfer. 
Dr. Luiz Bolfer formou-se em Medicina Veterinária no Brasil e mudou-se para os Estados Unidos para se especializar em Cardiologia, Emergência e Cuidados Intensivos em cães e gatos. Completou 12 meses de Internato em Clínica Médica e Cirúrgica Veterinária na Universidade de Illinois. Atualmente é Residente em Emergência e Cuidados Intensivos no Centro Médico Veterinário da Universidade da Flórida em Gainesville.