Hipotireoidismo em Cães
Hipotireoidismo em Cães

Hipotireoidismo é a uma doença conhecida por muitas pessoas, pois é muito comum em medicina humana. Infelizmente, em medicina veterinária, nós também nos deparamos com esta doença afetando cães principalmente. Já os gatos são mais acometidos pelo Hipertireoidismo, que será o assunto da próxima edição.

A glândula da tireoide produz duas formas de hormônios: T3 e T4. O T3 é a forma ativa. Em cães, aproximadamente metade da concentração de T3 é proveniente da glândula tireoide e a outra metade de outros tecidos do corpo. Em pessoas, cerca de 80% da concentração de T3 vem da ativação de T4 em T3 em outros tecidos do corpo.

O hipotireoidismo em cães ocorre principalmente devido à destruição (autoimune) da glândula tireoide, mas pode ocorrer também devido a atrofia natural da glândula, dieta pobre em iodo ou pode ser devido à uma malformação congênita. A doença geralmente se desenvolve em animais de meia idade ou mais velhos. Algumas raças são predispostas como: Doberman, Golden Retriever, Setter, Dogue Alemão, Dachshund e Boxer.

Cães com hipotireoidismo podem apresentar uma coleção de sinais clínicos. Isso ocorre porque o hormônio da tireoide participa em diversas áreas do metabolismo normal do organismo, sendo assim, a sua falta causa problemas em diversos órgãos e sistemas. Alguns sistemas são mais afetados do que outros, cerca de 88% dos cães com hipotireoidismo possuem algum tipo de doença de pele como perda de pêlo, infecção (dermatites) e pele seca e grossa; 49% são obesos, 48% letárgicos e 36% anêmicos. Além disso, eles podem apresentar distúrbios cardíacos como arritmias, neurológicos como polineuropatias e problemas locomotores (ataxia, hipermetria), e oftalmológicos como distrofia da córnea.

O diagnóstico de hipotireoidismo não é tão fácil. Infelizmente não se trata apenas de medir os hormônios da tireoide e ver se estão diminuídos. O hormônio T3, por exemplo, varia muito durante o dia, e raramente ajuda no diagnóstico da doença. O T4 pode estar diminuído por diversos outros fatores como uso de medicamentos e presença de outras doenças. Existem diversos outros testes como medir o T4 livre, TSH e TGAA para auxiliar no diagnóstico, mas nenhum deles é 100% específico.

Felizmente o tratamento desta doença é fácil. Cães com hipotireoidismo são tratados com a administração oral do hormônio da tireoide T4. Geralmente se inicia dando duas pílulas por dia, diminuindo para uma pílula por dia com o tempo. Este medicamente deverá ser dado durante o resto da vida do seu cão.

Devido à dificuldade em se diagnosticar esta doença, muitos cães acabam sendo tratados devido a presença dos sinais clínicos e resolução dos mesmos, após iniciado o tratamento. Independentemente do motivo que levou o seu veterinário a tratar seu cão, é importante seguir as direções dele e checar os valores dos hormônios da tireóide frequentemente para fazer mínimas correções no tratamento.

 

* Este Texto faz Parte da Coletânea do Dr. Luiz Bolfer e todos os textos das páginas da PetLine foram publicados em Colunas, Saúde Animal por Dr. Luiz Bolfer. 
Dr. Luiz Bolfer formou-se em Medicina Veterinária no Brasil e mudou-se para os Estados Unidos para se especializar em Cardiologia, Emergência e Cuidados Intensivos em cães e gatos. Completou 12 meses de Internato em Clínica Médica e Cirúrgica Veterinária na Universidade de Illinois. Atualmente é Residente em Emergência e Cuidados Intensivos no Centro Médico Veterinário da Universidade da Flórida em Gainesville.