Dificuldade na hora do parto
Dificuldade na hora do parto

No texto anterior ”  Minha cadela está gestando, e agora? “ você aprendeu a reconhecer e cuidar de uma gestação em cães. Nesta edição, vou abordar alguns detalhes que todos nós devemos saber para ajudar na hora do parto.

Como eu disse anteriormente, a gestação em cães dura, em média, de 59 a 65 dias, e de 63 a 65 dias em gatos. Caso o dia do acasalamento seja conhecido, o ideal é ter um calendário e marcar os dias em que seu animal estaria na fase final da gestação. No início do trabalho de parto, as contrações uterinas são geralmente fracas e incompletas. É importante checar o intervalo entre contrações, pois caso demore mais de três horas entre elas, pode ser preciso ajuda veterinária. Com o tempo, as contrações tornam-se mais fortes e regulares e, geralmente, produz um filhote a cada 15 à 30 minutos. O trabalho de parto geralmente leva em torno de seis horas em cães e pode levar até 24 horas em gatos.

A dificuldade de parto, conhecida como distocia, é muito comum em animais. Cerca de dois entre três casos de distocia acabam requerendo cirurgia de emergência (cesariana). Estar preparado para ajudar seu animal começa em checar as clínicas de emergência ao seu redor, onde estão localizadas e se elas realizam cesariana. Uma das principais dúvidas de proprietários de animais é identificar quando o trabalho de parto deve terminar. O ideal é ter uma ideia do número de filhotes e usar esta informação. O método ideal é o raio-x abdominal feito após o 42º dia de gestação. A secreção vaginal (vermelho/marrom) pode continuar por vários dias após o parto.

Após o parto, a cadela/gata deve se alimentar normalmente e demonstrar atividade normal. Não é comum apresentar anorexia e letargia após o parto. Caso isto ocorra, é recomendável uma avaliação médica. Fêmeas novas que estão no seu primeiro trabalho de parto podem desenvolver hipocalcemia, uma condição chamada eclampsia. Isto ocorre devido à secreção exagerada de cálcio durante amamentação dos filhotes. Sinais clínicos a serem observados incluem tremores, dificuldade para caminhar e convulsões. Tratamento veterinário imediato é necessário para corrigir este problema. A eclampsia pode acontecer a qualquer momento, mas geralmente ocorre durante o pico de amamentação (duas a quatro semanas pós-parto). Abaixo seguem alguns conselhos no que se deve ou não fazer para ajudar:

O que fazer:

 • Prepare uma área limpa, aquecida e de fácil limpeza para o nascimento;

 • Verifique a mãe frequentemente, sem perturbar o processo. Interrupções repetidas só vão atrasar o parto;

 • Se um filhote é visível no canal de parto por mais de 10 minutos em meio à contrações, auxilie gentilmente, com um pano limpo, com um movimento firme puxe-o no momento em que a mãe começar a contrair. Se o filhote não sair facilmente, atenção médica é recomendada;

 • Quando um filhote nasce, ele provavelmente vai ser coberto por uma membrana. Se a mãe não removê-la logo após o nascimento, você deverá ajudar rompendo esta membrana e limpando o filhote e devolvendo para a que a mãe continue com a limpeza;

 • Se a mãe não remover o cordão umbilical, amarre-o com um pedaço de barbante ou fio dental a um quarto de polegada do abdômen do filhote e corte o restante com uma tesoura. Use álcool para limpar a tesoura;

 • Mantenha os filhotes sempre aquecidos e pertos da mãe.

O que não fazer:

 • Não coloque seus dedos ou qualquer instrumento no canal do parto para evitar causar trauma ou infecção;

 • Não tente retirar à força o filhote;

 • Ao auxiliar no nascimento, evite puxar o filhote pela cabeça ou pelo cordão umbilical. Use somente as patas dianteiras ou traseiras e sem força;

 • Não levante/segure o filhote pelo cordão umbilical;

 • Na dúvida sobre o que fazer, procure por informação diretamente vinda de um veterinário.

 

* Este Texto faz Parte da Coletânea do Dr. Luiz Bolfer e todos os textos das páginas da PetLine foram publicados em Colunas, Saúde Animal por Dr. Luiz Bolfer. 
Dr. Luiz Bolfer formou-se em Medicina Veterinária no Brasil e mudou-se para os Estados Unidos para se especializar em Cardiologia, Emergência e Cuidados Intensivos em cães e gatos. Completou 12 meses de Internato em Clínica Médica e Cirúrgica Veterinária na Universidade de Illinois. Atualmente é Residente em Emergência e Cuidados Intensivos no Centro Médico Veterinário da Universidade da Flórida em Gainesville.